Crossdresser: como funciona a prática de se vestir como o sexo oposto

Homem vestido de mulher

Você já ouviu falar em histórias de homens que gostam de “se vestir de mulher”? A prática é muito mais recorrente do que se imagina e ela possui nome: crossdressing. Pra início de conversa, aqui ela não tem nada de errado e nem representa desvio algum. Pelo contrário, ela é uma ferramenta de autoconhecimento e expressão da sexualidade que deve ser muito bem explorada por aqueles que têm o desejo.

Neste post, você descobre o que é ser crossdresser e como funciona a prática que busca prazer em se montar como pessoas do sexo oposto. Continue a leitura!

O que é crossdresser?

Geralmente associado a homens héteros, o termo crossdressing se refere ao desejo de se montar como o sexo oposto, por vezes, reproduzindo estereótipos de gênero, a fim de buscar satisfação emocional ou sexual. Segundo o Guia Técnico de Orientação sobre Identidade de Gênero (2012)¹, essa é uma prática performativa doméstica e momentânea.

Infográfico explicando o que é crossdresser

Ela pode ser desempenhada por pessoas cis como uma forma de expressar o seu lado mais “feminino ou masculino” da personalidade. Os estudos sobre a construção da subjetividade humana (AZEVEDO, 2016)², em especial os que surgiram à luz de Michel Foucault, reforçam que o corpo é um produto de sua cultura e, dessa forma, sujeito a inscrições e discursos sobre si.

O que entendemos como feminino ou masculino muda conforme a época, contexto social, além de diversos outros fatores que influenciam na nossa percepção de gênero. O crossdressing chega, então, pra balançar as concepções de homem e de mulher e como se espera que cada um deles performem em uma sociedade heteronormativa — e isso nada tem a ver com sexo biológico, identidade de gênero ou orientação sexual, viu?

Como a prática funciona?

Assim como outras expressões de gênero, o crossdressing se trata de uma performance. Homens usarem calcinha e vestido, enquanto mulheres usam cueca e bigode falso, nesse cenário, não necessariamente significa que eles se identificam com o sexo oposto, mas apenas performam como eles.

Como outras performances, além da inspiração em vestimentas, o crossdresser também pode reproduzir comportamentos e se relacionar como uma nova pessoa. Essa prática é muito utilizada pra desvirtuar papéis de gêneros impostos socialmente, o que pode gerar excitação em algumas pessoas, tornando-se um fetiche.

No Brasil, existem grupos e fóruns que atuam como espaço de acolhimento, informação e possibilitam que os praticantes realizem a sua prática de maneira segura. O Brazilian Crossdresser Club era o mais famoso deles no início dos anos 2000, sendo utilizado como fonte de estudo em inúmeras pesquisas acadêmicas sobre o tema.

Afinal, o que é o fetiche crossdressing?

Enquanto fetiche sexual, o crossdressing se manifesta no prazer em vestir ou ver a sua parceria usando roupas culturalmente associadas ao gênero oposto durante a relação sexual. O desejo se acende pela quebra das normas sociais e performance de uma feminilidade ou masculinidade que não se espera do gênero imposto.

No contexto sexual, não será necessariamente aplicada a concepção de feminino que é submisso e o masculino dominador. A excitação na prática se dá muito mais pela expressão da sexualidade oposta ao esperado do pela que reprodução de papéis de dominação ou submissão associados aos gêneros.

Dessa forma, um homem cis pode desempenhar um papel ativo (em uma relação hétero ou homossexual) enquanto usa salto alto, por exemplo. Já uma mulher cis dominatrix pode entrar em cena performando como uma figura masculina.

Todo mundo que pratica crossdressing é transsexual ou travesti?

Nãããão! O crossdressing nada tem a ver com a maneira com a qual a pessoa se identifica socialmente. O crossdresser sente validação ou prazer como mulher apenas momentaneamente, enquanto pessoas transsexuais e travestis são mulheres/se identificam com a feminilidade integralmente.

Infográfico explicando se todo crossdresser é transsexual ou travesti

Quem é adepto à prática mantém a sua identidade de gênero mesmo se vestindo como o gênero oposto. Ou seja, um homem cis crossdresser continua sendo cisgênero, estando em conformidade com o sexo biológico e gênero atribuído ao seu nascimento.

É claro que existem casos de pessoas cis que se iniciam no crossdressing e, com o tempo, se identificam como trans, mas a prática não possui uma relação de causa-consequência com a autoidentificação, ok?

A prática de crossdressing impacta a sexualidade?

O crossdressing também não impacta a sexualidade da pessoa de forma alguma. A prática pode ser realizada por pessoas que se identificam com todas as orientações sexuais, sejam elas hétero, bi, gays e por aí vai!

O que torna alguém crossdresser é o desejo e a satisfação momentânea em se vestir ou montar como alguém do sexo oposto. É uma performance da sexualidade de uma maneira fora do convencional e esperada dos gêneros.

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Te vejo no próximo post! 🐰


[1] JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. 2. ed. Brasília: Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional — EDA/FBN, 2012. 42 p. Registro EDA/FBN nº 563034, Livro 1074, Folha 91. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/87846526/Orientacoes-sobre-Identidade-de-Genero-Conceitos-e-Termos. Acesso em: 19 mar. 2024.

[2] AZEVEDO, Marcos Paulo de. O avesso que sou eu: a constituição ética da subjetividade crossdresser. 2016. 135 f. Dissertação (Mestrado) — Curso de Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Pau dos Fortes, 2016. Disponível em: https://www.uern.br/controledepaginas/defesas2016ppgl/arquivos/3857dissertaa%C2%A7a%C2%A3omarcospaulodeazevedofinal.pdf. Acesso em: 19 mar. 2024.

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