Como ter amor próprio no relacionamento? Saiba aqui!

Mulher com amor próprio no relacionamento

Saber como ter amor próprio no relacionamento é essencial pra se manter bem e cuidar da relação a dois. Afinal, amor próprio não tem nada a ver com egoísmo, na verdade, tem a ver com a forma como a gente olha pra nós mesmos e como cuidamos de nós. Vai desde a forma como nos permitimos errar até como nos permitimos amar – e é aí que entra o relacionamento amoroso.

Aliás, já dizia Ru Paul em Ru Paul’s Drag Race: “se você não consegue se amar, como vai conseguir amar outra pessoa?”. Essa máxima é muito real e, por isso, é essencial saber se amar quando se quer estar e manter uma relação saudável, especialmente a romântica.

Pra te ajudar a entender mais sobre o assunto, hoje eu conversei com a Psicóloga Thais Fraga (CRP 08/32193) sobre esse assunto. Vamos aprender mais e descobrir o que a especialista tem pra nos ensinar? Bora lá!

 O que é ter amor próprio no relacionamento?

O amor próprio diz respeito a como cada pessoa olha pra si mesma e o afeto que tem consigo. O jeito que a gente cuida da nossa saúde física e mental, a forma como valorizamos nossas qualidades, como conhecemos nossos desejos e como respeitamos nossas necessidades (em todos os âmbitos da vida) diz respeito a como nos amamos.

Sim, tem a ver com amar o que vemos no espelho também, mas isso é (ou deveria ser) apenas uma partezinha daquilo que faz a gente se amar.

Quando a gente se ama, problemas como a baixa autoestima tendem a não acontecerem ou, se surgem, são pontuais, pequenos e passageiros. Isso porque a gente confia em nós mesmos, temos segurança em sermos quem somos e amamos isso.

Ter amor próprio no relacionamento é uma forma de se valorizar dentro da relação a dois e saber respeitar seus próprios limites, desejos e erros, sem se colocar em posições de inferioridade ou até possessividade sobre a outra pessoa.

Mas não para por aí. A psicóloga Thais Fraga explica que uma autoestima e amor próprio fragilizados fazem com que a pessoa projete suas necessidades na parceria:

Além das questões individuais que isso pode trazer, o relacionamento é afetado pela projeção, que pode gerar uma cobrança excessiva no outro, ciúmes e dependência emocional com a ideia de que a felicidade (ou qualquer coisa que você possa fazer) só é possível estando com essa pessoa.

Ela ainda destaca a importância do amor próprio pra manter a nossa individualidade dentro da relação: “Quando um do casal deixa de considerar suas demandas como indivíduo, como um ser só, pode acabar sobrecarregando o outro de suas necessidades”. Isso só reforça que cuidar de si mesmo é uma forma de cuidar do outro e da sua relação.

O que causa a falta de amor próprio no relacionamento?

A falta de amor próprio, de forma geral, se dá pela falta de autoconhecimento. Quando não sabemos nossas fraquezas e forças, nossas características positivas e negativas, nossos gostos, aquilo que não queremos, entre outras coisas, não conseguimos identificar nossas necessidades e, consequentemente, não podemos supri-las. Se você não sabe lidar com suas emoções ou reconhecer o que sente, não consegue reconhecer o que você precisa melhorar e todas as coisas em que é bom, tem autoestima baixa, entre outras coisas, pode ter pouco ou nenhum amor próprio.

Além disso, quando você está construindo essa boa relação consigo mesmo, mas se relaciona com alguém tóxico, que te coloca pra baixo, não te valoriza ou até te humilha, é possível que sua relação consigo mesmo seja abalada e o amor que você sinta por você seja colocado em jogo também. Quando estamos em ambientes que não nos respeitam nem valorizam é mais difícil nutrir isso por nós mesmos, especialmente quando nossa relação interna com nosso eu já é abalada.

Eu também perguntei pra especialista Thais Fraga se existe algum dado que indique se homens ou mulheres (num espectro heteronormativo) sofrem mais com a falta de amor próprio na relação. Segundo ela, essa é uma condição que é subjetiva:

Independente do gênero, isso vai depender de como essa pessoa lida com as relações e com seu próprio autodesenvolvimento. Pode ser que observemos mais mulheres sendo dependentes emocionais ou mais homens também. O que posso dizer com propriedade é que as mulheres buscam mais ajuda psicológica, e que isso pode ser um indicativo de uma busca maior feminina pelo entendimento de suas questões.

Quais os sinais da falta de amor próprio?

Existem diferentes atitudes e sentimentos que podem indicar falta de amor próprio. É importante conhecê-los pra conseguir olhar pra si mesmo e refletir se você está passando por isso. Só assim é possível saber o que fazer e como ter amor próprio no relacionamento.

Sobre isso, a Psicóloga Thais explicou:

A falta de amor próprio e autoestima faz com que a pessoa se sinta insegura sobre si, tanto física quanto psicologicamente. Isso pode afetar seu autocuidado e prejudicar suas atividades, como vida social e profissional. Você já observou pessoas que ficam irreconhecíveis quando estão em um relacionamento? Como se tivessem “perdido o brilho”? Isso é bem comum e é uma red flag importante para identificar se o relacionamento está sendo saudável e se ela precisa reavaliar a preocupação com ela mesma.

Delicado, né? Ficou claro que é tão importante saber reconhecer esses sinais, por isso, eu elenquei alguns que podem ser fáceis de identificar:

  • você não se aceita como é (por fora e por dentro);
  • busca constante por aprovação da outra pessoa;
  • não tem segurança em si;
  • não se sente suficiente pro outro;
  • sente ciúmes sem motivo;
  • autocobrança sobre o que está fora do seu controle;
  • culpa-se por coisas do passado;
  • medo excessivo de abandono, rejeição ou traição.

Esses são sinais que aparecem quando nos relacionamos com a outra pessoa e nossa relação conosco está fragilizada. Assim, esses sentimentos podem se materializar em comportamentos como:

  • você sempre pede aprovação sobre a roupa que vai vestir;
  • não opina na hora de escolher aonde ir ou o que fazer;
  • não fala sobre coisas que te incomodam na relação;
  • culpa a si pelas “fases ruins” do relacionamento;
  • exige atenção da parceria a todo momento;
  • briga quando a pessoa demora pra responder.

Mas atenção, todos esses sinais de falta de amor próprio podem indicar outras questões, como sentimento de superioridade à parceria, de posse, ansiedade e outras questões. Eles não são uma regra, mas são recorrentes. Por isso, refletir sobre seus sentimentos e comportamentos e pensar na origem deles é o melhor jeito de identificar se o que te falta é uma relação boa consigo mesmo ou existe algum outro fator.

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Chegou a hora de aprender a se amar e se valorizar pra curtir seu relacionamento feliz consigo mesmo, né? Existem diferentes táticas, umas simples, outras nem tanto, pra você colocar em prática e desenvolver seu amor próprio.

Todas elas tem uma finalidade principal: autoconhecimento. São coisas que vão te ajudar a se conhecer melhor e, consequentemente, a se amar mais. Olha só as dicas:

Revisite memórias

Uma forma de se conhecer e conectar com você mesmo é revisitar memórias. A ideia é que você relembre momentos em que se sentiu bem com você mesmo e pense em por que se sentiu assim: o que você fez, com quem estava, o que falou… O processo também pode ser o contrário, revisitando situações que te deixaram mal pra poder entender quais as causas daquilo.

Você pode ir fazendo isso aos poucos, gradualmente, e anotar em um papel, destacando as coisas que você gosta ou não, seja sobre você ou sobre o mundo ao seu redor. A nossa história é só nossa e diz tudo sobre a gente.

Analise comportamentos

Quando lembrar de cada situação, preste atenção em como você reagiu a elas. Pense em como elas te fizeram sentir, o que você respondeu pra alguém, que decisões e ações você tomou a partir delas. Além disso, é importante pensar em quais delas você orgulho das suas ações e foram atitudes genuinamente suas e quais foram coisas que você fez por causa de outras pessoas, ou de quais você se arrepende.

Ao analisar comportamentos, você consegue perceber como você externaliza todos aqueles sentimentos e emoções que percebeu estarem em você. A forma como a gente coloca isso pra fora interfere nos nossos relacionamentos, mas principalmente em nós mesmos, afinal, a gente lida com as consequências das nossas ações!

Conheça suas necessidades

As nossas necessidades são aquelas coisas que a gente precisa pra se desenvolver e viver bem. Por exemplo, o carinho, a aprovação, a resolução de problemas, a intimidade sexual, a confiança, entre tantas outras. Cada pessoa supre essas necessidades de uma forma. Quando você sabe quais são as suas, fica mais fácil saber o que você precisa e quer pra ir em busca disso, seja no seu trabalho, no seu aprendizado ou nas suas relações interpessoais.

Sem saber o que você precisa pra estar bem, é difícil oferecer ou cobrar algo da sua parceria. Se isso acontece, é comum que exijamos de mais ou cobremos coisas que, talvez, a outra pessoa não possa dar – até porque muitas dessas necessidades devem ser supridas por nós mesmos. Não adianta nada a outra pessoa confiar em mim, se eu não confio e por aí vai.

Além disso, a psicóloga Thais ressalta que conhecer as suas necessidades é importante pra separar o que é seu e o que é do relacionamento e acrescenta:

Em uma relação, é importante saber o que é inegociável para você (como respeito, companheirismo, diálogo, lealdade, etc.) e para sua parceria e, com isso, guiar o funcionamento da relação sem se deixar de lado.

Conheça seus pontos fortes e fracos

Quando a gente ama alguém, é “na alegria e na tristeza”, certo? Isso significa que a gente vai continuar amando a pessoa nos momentos bons e ruins, seja pelas suas “qualidades” ou pelos seus “defeitos”. Se isso serve pros outros, deve servir pra você mesmo. É importante que você saiba as coisas em que é bom pra poder explorá-las e suprir aquelas em que tem mais dificuldade.

E caso tenha algo que você não goste em si e não dá pra mudar, quando você se ama por completo, você vai saber como abraçar essa parte de si sem que ela seja o seu “calcanhar de Aquiles”, sabe? Ela será só mais uma parte de quem você é!

Pra ficar bem clara a importância de se amar primeiro num relacionamento, a psicóloga faz uma analogia bem fácil de entender:

Gosto de lembrar das instruções em uma viagem de avião: caso seja necessário utilizar a máscara de oxigênio, você vai precisar colocar a sua e, somente depois disso, vai ajudar quem precisa colocar também.

Fale coisas boas sobre você

Esse pode ser o maior desafio até o momento. Quando a gente não está muito bem conosco, pode ser bem difícil enxergar coisas boas pra falar sobre nós, mas ainda é algo necessário. Se você estiver com essa dificuldade, peça pra alguém próximo te falar coisas positivas sobre você. Muitas vezes, as outras pessoas nos enxergam melhor do que nós mesmos.

Ao encontrar esses pontos positivos, sugiro que vá ao espelho e fale-os pra si mesmo, em voz alta mesmo. Você precisa ouvir coisas boas e ouvi-las vindo de você. Essa é uma forma de cuidar de si e demonstrar seu amor próprio, além de aumentar sua autoconfiança.

Posicione-se

Agora que você já sabe mais o que você gosta e precisa, é hora de ter acesso a essas coisas. O que quero dizer é que é o momento de você dizer e mostrar ao mundo as suas preferências, fazendo com que elas aconteçam. Por exemplo, você não precisa comer uma coisa que não curte só porque as outras pessoas estão com vontade. Aliás, se você quiser comer uma coisa diferente da sua parceria, você pode escolher diferente e fazer com que sua decisão seja respeitada.

São nas pequenas coisas do dia a dia que a gente tem que se posicionar pra reafirmar nossas escolhas, desejos e necessidades.

Faça terapia

A psicoterapia é uma excelente ferramenta de autoconhecimento pra termos na nossa rotina. Diferente do que algumas pessoas pensam, ela não serve só pra quando a gente está mal. Neste caso, lembra que falei que amor próprio tem a ver com se conhecer? Isso é uma das coisas que a psicoterapia pode nos proporcionar – um olhar mais analítico pra dentro da gente e das nossas relações com o mundo.

A psicoterapia é, de fato, um investimento em si mesmo em busca de autoconhecimento e autodesenvolvimento – fatores indispensáveis, como aponta a psicóloga Thais, pra “se compreender como uma pessoa individual e entender o outro como um bônus em sua vida”.

Tenha a certeza de que, quando você faz terapia e cuida de si, conhecendo mais o seu “eu interior”, fica muito mais fácil se entender e se amar – e quando isso acontece, a relação a dois fica muito mais fácil e fluida. E tem mais, a especialista reforça a importância de ter seus momentos de individualidade mesmo estando numa relação, fazendo coisas que você gosta e nutrindo sua vida social.

Tudo isso parece muito bom na teoria, mas pode ser que você esteja pensando ou passando por uma insatisfação da sua parceria nesse processo de se amar mais – o que pode acontecer em algumas relações. Por isso, eu perguntei pra psicóloga o que fazer nessas situações:

Comecei a me amar mais e minha parceria se incomodou. E agora?Como ter amor proprio no relacionamento2 como ter amor próprio no relacionamento? Saiba aqui!

“Como já falei anteriormente, é importante saber o que é inegociável para você em uma relação. Claro que o diálogo sempre será muito importante e pode contribuir para a manutenção desses conflitos, mas é algo a se pensar se sua parceria se incomoda com algo tão importante para você.

O ideal mesmo é estar com alguém que nos apoie e nos considere em nossa totalidade e não só como parceiros, não é?”

Viu só? Relacionamento não é simples, mas fica muito mais fácil quando a gente tá bem com nós mesmos. E pra te ajudar a manter o clima bom com a sua parceria, te indico este conteúdo sobre comunicação a dois, é super completo!

Um comentário sobre “Como ter amor próprio no relacionamento? Saiba aqui!

  1. Amigo disse:

    Geralmente as pessoas se comparam e ai estacionam! Além de um certo pudor “no chegar”! Geralmente em dias lindos, um taxista, demonstra certa inveja, por estar trabalhando e eu passar a tarde, no centro da cidade! Mas ele poderia sugerir um passeio junto e não o faz! Teve uma época, antes de começar a viajar, que no verão, ia a uma praia de ônibus, fazendo o motorista me convidar a conversar e transamos desde a 1a. conversa! Deixou o número do telefone e chegamos a ter transas fluidas! Nem éramos estilo “Tom Cruise” mas permitimos nos desnudarmos!!! Em suma, vivemos!

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