Direito ao voto, acesso à educação, melhores condições de trabalho, autonomia sobre o próprio corpo e liberdade sexual. Essas são apenas algumas das pautas que a gente deve refletir sobre as conquistas das mulheres, não apenas neste 8 de março, mas durante todo o ano.
No post de hoje, eu e a equipe da Dona Coelha preparamos uma reflexão sobre o Dia da Mulher e os movimentos feministas pra que a gente possa ressignificar a data. Temos muito caminho pela frente, mas desejamos poder construir um futuro ainda melhor pras novas gerações de meninas e mulheres decididas e autossuficientes.
Vem com a gente somar nessa luta e praticar a sororidade!
Não dá pra falar sobre o Dia da Mulher sem conversar sobre feminismo
Imagino que todos os anos, no Dia Internacional da Mulher, as suas redes sociais enchem de posts com os dizeres: “Neste Dia da Mulher, não me dê flores, me dê respeito/direitos” e muitas outras reivindicações. Na minha também aparece e, às vezes, acho cansativo.
Mas considero cansativo não porque é chato ou demodê, mas justamente porque esses pedidos, compartilhados todos os anos no dia 8 de março, continuam sendo ignorados. Não me entenda mal, a gente teve muitas conquistas feministas nas últimas décadas, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido pra alcançarmos uma equidade efetiva.
E perceba que aqui eu uso o termo equidade e não igualdade. Igualdade seria oferecer as mesmas oportunidades pra todas as pessoas, nivelando-as por baixo, como se todas partissem de uma realidade comum.
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A equidade, apesar de também se tratar de abrir as portas, entende que gênero, classe e raça impactam negativamente as mulheres que pretendem alcançar os mesmos postos de trabalho que os homens, por exemplo.
E como isso funciona na prática?
Eu posso ter acesso a mesma educação, às mesmas oportunidades anteriores de emprego que um colega e me candidatar a mesma vaga, nível de senioridade e empresa que ele. Eu já começo em desvantagem quando me perguntam se sou casada e pretendo ter filhos na entrevista.
Isso mostra que a preocupação não se limita a minha capacitação e o quão boa eu (ou outras mulheres) seremos em nossa função. Se desejo ser mãe, vou precisar me ausentar em algum momento; precisarei correr pro pediatra no meio do expediente; estarei cansada por conta da tripla jornada; e, consequentemente, isso me torna uma profissional “menos boa” que o meu colega homem.
Faça o teste e pergunte aos seus amigos homens se algum deles foi perguntado sobre algo parecido em uma entrevista de emprego. Aposto que você vai receber uma resposta negativa.
Por isso, a gente não pode apenas falar sobre o Dia Internacional da Mulher e as conquistas de direitos políticos e civis das mulheres, sem falar sobre feminismo. Se a gente pode ter uma vida mais digna hoje, ainda que com falhas, é devido às discussões sobre as condições de trabalho das mulheres, crianças e homens negros, trabalhadores das indústrias nos séculos XIX e XX.
Se a gente tem o que tem na década de 2020, o que pra muitas pessoas é “muita coisa” (apesar das mulheres entenderem que ainda não é suficiente), é porque a gente lutou pra que essas nuances fossem reconhecidas. A gente não parte do mesmo lugar que um homem. Somos mulheres e ainda somos criadas e subjugadas pra permanecer numa posição de serventia.
Psiu, vem entender mais sobre o que é estereótipo de gênero nesse post aqui.
Dona de mim, dos meus desejos e do meu gozo
A conquista de direitos e autonomia permeiam também a importância da liberdade do corpo feminino. Lááá nas décadas de 50 e 60, muita gente já discutia sobre uma mística feminina que envolvia as mulheres da época — a idealização da mulher pura, submissa e manipulável.
Em uma posição de obediência, ela estava sempre à disposição do marido, dos filhos e não tinha objetivos próprios. Frustradas com essa realidade, elas buscaram se empoderar e lutaram pela emancipação.
Com o controle da sua própria narrativa, as mulheres são donas de si, dos seus sonhos e, é claro, do seu próprio prazer. Explorar a sexualidade feminina é chave pra um autoconhecimento profundo e intenso.
A gente fala sobre como o sexismo afeta as mulheres porque, ainda hoje, essa ideologia visa o controle do corpo, desejos e independência feminina. Se posicionar contra ele é valorizar a autonomia, liberdade e direitos das mulheres.
Pra este dia 8 de março, a Dona Coelha preparou uma promoção super especial pras mulheres que tomaram as rédeas da vida sexual, ou desejam ter ainda mais autossuficiência no prazer. Vem conferir a nossa página com artigos de sex shop pro Dia da Mulher.
Afinal, o feminismo é pra quem?
O feminismo é pra todo mundo! E é todo mundo mesmo.
Os movimentos feministas surgem a partir das reivindicações dos direitos ao voto, acesso à educação, ao trabalho e à equidade de gênero. Mas as discussões sempre escalaram pra outras nuances da vida, como a gente comentou no tópico anterior.
Muita gente se engana quando pensa que o feminismo é anti-homem, mas à luz de bell hooks: o feminismo é anti-sexista, ou seja, anti-machismo. E todos nós sofremos com ele e reproduzimos comportamentos sexistas, por mais desconstruídos que nos consideramos.
Crianças e homens também são vítimas dessa estrutura ao ponto nos quais a criação baseada no controle e violência é fruto de sociedades machistas. O ensinamento pelo medo, pela coerção, pela força e que não permite fragilidade afeta nossas mulheres, nossos filhos e nossos homens de todas as idades.
E o que a gente pode fazer com isso? Reconhecer e avaliar comportamentos e ideias problemáticas é o primeiro passo. Questione, discorde, confronte, discuta, aja – contra você também!
Além da mística feminina, existe o ideal de virilidade masculino que também não deve ser celebrado. Lutar contra o sexismo é permitir que todas as pessoas possam se expressar como desejarem, como se sentem confortáveis e tenham a liberdade de “agir fora da norma” que a sociedade exige das performances de gênero, sem sentir culpa.
E aí, você se interessou sobre a discussão? Pra você entender mais a fundo a dinâmica do sexismo e em como isso afeta as pessoas, a gente tem um post bem completão sobre feminismo é o contrário de machismo?. Corre lá pra conferir e aprofundar os seus conhecimentos.
Fontes e sugestões de leitura:
HOOKS, bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. 1 ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018. E-book.
HOOKS, bell. Mulheres negras: moldando a teoria feminista. Revista Brasileira de Ciência Política, [S.L.], n. 16, p. 193-210, abr. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0103-335220151608.
FRIEDAN, Betty. Mística Feminina. 4. ed. [S.L.]: Rosa dos Tempos, 2020. 560 p.
Sensa demais, sou homem e OH MY GOD, como fui tocado por esse texto. O feminismo tem sido varios tapas na cara nos meus comportamentos, mesmo quando pensa “putz, ja to no auge da desconstrução” vem uma rasteira de “quietinho ai, aprende mais”, palavras intensas e simples, simplesmente adorei.