Pansexualidade: um guia para quebrar tabus

Pessoa pansexual 1 pansexualidade: um guia para quebrar tabus

A pansexualidade, apesar de ser um termo cada vez mais usado, principalmente por pessoas LGBTQIAP+, ainda gera muitas dúvidas e tabus sobre o que é ser pansexual. Indo pra etimologia da palavra, o prefixo “pan” significa “tudo”, enquanto “sexual” refere-se à atração física. Tá, mas o que isso quer dizer?

Isso significa que as pessoas que se identificam assim são aquelas que sentem atração física sexual por outro indivíduo, independentemente da sua orientação sexual e identidade de gênero.

Infelizmente, surgem diversos tabus e preconceitos que marginalizam os pansexuais, tratando eles como pessoas hipersexualizadas e sem compromisso com os relacionamentos. Mas nós estamos aqui pra mudar isso!

Quer entender mais sobre o que é ser pansexual, ter informações realmente confiáveis sobre o assunto e desconstruir os tabus sociais? Então vem dar uma olhadinha nesse conteúdo que preparei!

Afinal, o que é ser pansexual?

Pansexual é todo indivíduo que sente desejo ou atração física sexual por outra pessoa, seja qual for a sua identidade de gênero e orientação sexual. E o que isso significa? Isso quer dizer que os pansexuais podem se atrair por homens e mulheres ou trans, não binários, entre outras.

Na pansexualidade, as pessoas se interessam pela personalidade e algumas características, hobbies, enfim, pelo jeito de ser. Assim, uma pessoa pan não fica presa a rótulos, tirando um pouco da importância do gênero na atração.

O pansexualismo é um termo popularizado por nada mais nada menos que o pai da psicanálise, Sigmund Freud. Lá na década de 20, ele já usava a palavra para definir um conjunto de comportamentos, pensamentos e outras atividades que tinham como base os instintos sexuais.

Hoje em dia, o termo possui outros usos, mas já deu pra ver como essa história é antiga, né?

Por quem as pessoas pansexuais se atraem?

Como disse antes, pessoas pansexuais não restringem a atração sexual ao corpo físico. Elas se sentem conectadas com o jeito que o outro se comporta, com os ideais que possuem, a forma como se veste e outros tantos fatores que vão além do combo comum “peito-bunda-coxas”.

Basicamente, a pessoa pansexual sente atração, se apaixona e ama as qualidades do outro ao invés do gênero sexual. Então, é possível que alguém pan sinta atração por sexos biológicos e identidades de gênero diferentes.

“Ah, mas ser Pansexual tá na moda. Hoje todo mundo quer ser LGBTQIAP+!”

Essa frase é tão complicada quanto preconceituosa e, se você é uma pessoa LBGTQIAP+, provavelmente já ouviu algo do tipo. A questão é que, por exemplo, assim como ser homossexual não é uma escolha, ser pansexual também não.

Ninguém escolhe ter medo de andar de mãos dadas com a parceria na rua, nem ser visto como alguém hipersexualizado, muito menos sentir receio por amar fora dos padrões.

Tem diferença entre bissexual e pansexual?

Atualmente, muita gente considera que pan e bi são a mesma coisa, porém, nem sempre foi assim. Antes, as pessoas eram ainda mais transfóbicas e não consideravam mulheres trans como mulheres e nem homens trans como homens, por isso a bissexualidade era definida apenas como a atração pelos cis.

A pansexualidade veio pra abraçar os trans e incluí-los nessa definição, mas com o passar do tempo, todos começaram a entender que não fazia sentido algum excluir as pessoas trans da bissexualidade e passaram a abraçá-los também.

Então, é mais fácil diferenciar os dois pela forma como a sexualidade é sentida em cada um. Os pansexuais dão mais importância pra aspectos da personalidade do que a aparência, por exemplo. No caso dos bissexuais, eles podem considerar mais a aparência, mesmo a personalidade sendo muito importante também.

Deu pra ver como é complexa essa história, né? De qualquer forma, o importante é que você esteja confortável com aquilo que escolher, seja pan ou bi.

5 mitos sobre ser pansexual e a pansexualidade

Infográfico com 5 mitos sobre a pansexualidade

Toda a falta de entendimento sobre a pansexualidade, adicionada ao preconceito por pessoas LGBTQI+, gera uma série de mitos e tabus. Materializados em discursos fóbicos, esses mitos são responsáveis por marginalizar e não dar validade à orientação sexual de pessoas pans.

A seguir, selecionei 5 mitos pra desconstruirmos juntes, vamos lá?

1. Pansexuais também têm atração por animais e objetos

A mais mentirosa de todas! Pessoas pansexuais não sentem atração sexual por objetos e animais. Esse tipo de discurso inviabiliza as pessoas pans e atribui a elas uma “anormalidade”, o que contribui ainda mais pra manutenção desse tipo de preconceito.

2. Pansexuais sentem atração por todo mundo — sem distinção

Outro mito que parece comum entre pessoas que não buscam se informar sobre a pansexualidade é de que pessoas pans se sentem atraídas por todos, sem exceção.

Isso certamente não é verdade, afinal de contas, um homem cis se sente atraído por todas as mulheres que existem? Acho que não, né? Muito desse mito tem relação com a possibilidade da pessoa pan sentir atração. Como assim?

É basicamente o mesmo medo que mulheres heterossexuais sentem perto de mulheres homossexuais, crendo que a qualquer momento uma lésbica irá dizer que está perdidamente apaixonada por ela — é muita autoestima, né mana!

3. Se não ficou com várias pessoas, não é pansexual

Nana-nina-não! Não funciona assim: você ficou com várias pessoas de orientações sexuais diferentes, pronto! Suas definições de pansexual foram atualizadas.

Apesar de sentirem-se incluídas e representadas na sigla LGBTQIAP+, não há uma regra — muito menos obrigação — pra uma pessoa pansexual ser de fato pansexual.

Pra ficar mais claro, não é porque uma pessoa pan sente atração por uma mulher transexual que deva ter um relacionamento com ela.

4. Pansexuais precisam ficar com várias pessoas

Outro mito que não faz sentido algum e só ajuda a fortalecer a ideia de hipersexualização em pansexuais é que pessoas pans não conseguem ter um único relacionamento ou viver a monogamia.

Na verdade, quando pensamos nas relações afetivas, assim como heterossexuais podem ter ou não necessidade de ficar com várias pessoas, pansexuais também!

Do mesmo jeito que pessoas heterossexuais, não binárias ou homossexuais, os pansexuais podem ter relacionamentos poligâmicos ou monogâmicos, não é a orientação sexual que define isso, tá bom?

5. A pansexualidade é apenas um período de confusão interna

Não, definitivamente não! Frases como essa só invalidam a luta de pessoas pansexuais.

Sim, quando estamos descobrindo do que gostamos e exercitando a nossa sexualidade, é normal nos sentirmos confusos. Contudo, se a pessoa já definiu para si mesma a orientação pan, dizer que ela está confusa não é legal.

Pense no contrário, será que as pessoas dizem pra adolescentes que afirmam ser heterossexuais que eles estão confusos? Por que seria justo dizer isso para alguém pan, bi ou gay?

Pode até ser que, no futuro, ela se identifique com outra orientação sexual, mas quem decide isso é ela, beleza?

Infográfico sobre como saber se você é pansexual

Como saber se eu sou pansexual?

Somente você pode saber quem é e por quem tem atração física, não aceite que te digam o contrário, ok? Ah, se você tá passando por um período de autoconhecimento e cogitou ser pansexual, a análise — clínica e/ou pessoal — é uma oportunidade de entender mais sobre tudo o que está acontecendo aí dentro.

Perguntas como “por quem já me senti atraído?”, “já gostei de alguém sem saber do gênero?”, “me sinto confortável em me identificar como pansexual?” ou “como a pansexualidade me faz sentir: confortável e desconfortável?” são questionamentos interessantes e que ajudam a refletir.

Vale lembrar que nenhum deles substitui o acompanhamento terapêutico e a educação sexual, tá?

Então, procure um bom psicólogo especializado em clinicar pra pessoas LGBTQIAP+, ele pode te ajudar a encontrar o seu próprio caminho da melhor forma possível.

A bandeira da pansexualidade

Infográfico com a bandeira da pansexualidade

A bandeira utilizada pra representar os pansexuais foi criada online em 2010, e rapidinho já estava em vários lugares da internet, se tornando o símbolo do movimento. Ela é composta por três cores:

  • Rosa e azul: representam a atração por pessoas que se identificam como homem ou mulher;
  • Amarelo: representa os não-binários e pessoas não conformes de gênero.

Cuidar da saúde mental é sempre importante também

Cuidar da nossa saúde mental é sempre uma tarefa fundamental para todas as pessoas, não é? Só que quando se trata da comunidade LGBTQIAP+, isso é ainda mais importante. Afinal, essa é uma população muito vulnerável a problemas emocionais como estresse, depressão e ansiedade.

Por isso, uma boa terapia ajuda no processo de autoconhecimento e a lidar com outras dores que podem ser causadas também pelo preconceito que as pessoas da comunidade sofrem.

Gostou de aprender mais sobre a pansexualidade? Chegou a hora de quebrarmos tabus e ajudarmos a tornar a nossa sociedade mais inclusiva.

E se você quiser continuar se desconstruindo, aproveite e confira o nosso texto sobre sexualidade fluida, onde batemos um papo bem gostoso sobre o assunto.

Vejo você lá!

Um comentário sobre “Pansexualidade: um guia para quebrar tabus

  1. Amigo disse:

    A década de 60, presumo ter sido a década melhor vivida, onde o chamado namoro “hetero” poderia haver, Independente de entre amigos ou pessoas com mesma ideologia, profissão e/ou gênero transarem ou apenas “ficar”! Numa ocasião me chamou atenção em ônibus lotado e com transito parado, dois passageiros sem terem buscado ficarem enamorados. Quando o da frente desceu, desistindo de esperar o transito fluir, fiquei bem na frente do cara de trás que perguntou se eu “queria sentir”; maroto disse a ele o anterior parece não curtir a fluidez sexual. Ai ele disse que havia pensado se viessemos a ficar melhor posicionados, coroas regulando idade que eu aceitaria! Depois nos despedimos como amigos que conversaram noutros momentos, também!

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