O que é broderagem? Amizade, parceiria ou romance? Descubra!

Broderagem-capa

E aí, você sabe o que é broderagem? Relativamente novo, o termo surgiu na internet há pouco tempo, mas já vem levantando diversas polêmicas, principalmente entre os homens cisgêneros – homo e heterossexuais.

Para alguns, o termo não passa de um sinônimo para amizade entre brothers, os parceiros do dia a dia com quem temos contato mais próximo. Em compensação, outros batem o pé para afirmar que a palavra significa, na verdade, o rala e rola entre homens que se negam a aceitar a homoafetividade.

Como deu para perceber, o assunto é longo, complexo e tem muito o que render. Seja qual for o seu lado nessa discussão toda, o post de hoje é comandado por mim, marido da Dona Coelha, que vim responder todas as suas dúvidas sobre o assunto.

Afinal, do que se trata a broderagem? Para ficar por dentro do tema, acompanhe a leitura e descubra os limites entre amizade, companheirismo e romance no mundo das relações masculinizadas. Pronto? Então vamos lá:

Desvendando as origens da broderagem

Que o termo brotheragem é relativamente novo você já sabe, mas, então, de onde é que surgiu a expressão? Bom, não se sabe ao certo quem cunhou o neologismo, porém sabemos em qual contexto ele surgiu.

De forma geral, a expressão teve sua origem não muito longe, aqui mesmo no Brasil, na comunidade dos homens gays, como uma forma de descrever o tipo de relação exclusivamente sexual entre homens cisgêneros, estilo “transar sem sentimentos” ou “pega e não se apega”.

O termo é, na verdade, o empréstimo e adaptação de uma outra palavra muito comum em terras estadunidenses, mas que nunca se popularizou por aqui: o bromance. Esta, diferente da versão brasileira, é resultado da junção das palavras bro, amigo, e romance, romance.

Muito semelhante, não é mesmo? No entanto, a diferença é que o bromance de lá é sinônimo de amizade, enquanto a broderagem daqui é sinônimo de relação sexual. Deu para entender?

Inclusive, talvez esse seja o principal motivo da diferença na interpretação dos termos – a mudança entre o significado original e o significado atribuído aqui em nosso contexto. Viu só: Dona Coelha também é conhecimento histórico!

Para complicar ainda mais a situação, recentemente, o público de fora da comunidade dos homens gays descobriu que a broderagem também pode ser interpretada meramente como relação de amizade – e aí já viu… há quem entenda a palavra como sinônimo de bromance e há quem interprete-a como a negação da afetividade entre homens.

Brother é amigo? – brotheragem, companheirismo e afeto

Todo mundo tem aquele parceiro de todas as horas. Sabe aquele parça que está sempre contigo, te acompanha nas festas, dá conselhos, te apresenta para a galera e é como se fosse um irmão de mãe diferente? O verdadeiro amigo de fé, irmão camarada, como diria Roberto Carlos?

É sobre esse tipo de relação construída que um dos lados da discussão defende a aplicação do termo brotheragem: a relação de afeto não-sexual entre caras que se consideram e possuem admiração um pelo outro.

Nessa perspectiva, a broderagem é só um neologismo americanizado para falar sobre… amizade! E amizade com certeza é um combo de companheirismo, afeto e intimidade – sem nenhuma pretensão sexual, claro.

Se você chegou até aqui é porque ainda possui dúvidas sobre o uso da expressão, ainda mais por causa de toda a efervescência da internet ao tratar sobre o assunto. Porém, saiba que, de uma forma geral, uma parte das pessoas utiliza o termo broderagem ou brotheragem como sinônimo de amizade (e outra não).

A diferença é que ele se refere especificamente à amizade entre homens cisgêneros heterossexuais. O porquê disso é um verdadeiro mistério, então, caso você não se sinta confortável apropriando-se do termo, pode usar o clássico e tradicional “amizade”.

Uns diriam que tudo isso se relaciona àquelas duas palavras que são o temor da maioria dos homens: masculinidade frágil. E é justamente por isso que o blog da Dona Coelha se dedica a desconstruir mais e mais as amarras que nos impedem de sermos totalmente livres, enquanto homens e enquanto pessoas.

Aliás, temos um conteúdo inteiramente dedicado a tratar sobre a masculinidade tóxica. Não deixe de conferi-lo, beleza?

Brother é… gay? Bi? Quando a broderagem vira algo a mais

Entramos em terreno complexo! Dessa outra perspectiva, a brotheragem é vista como uma modalidade de relacionamento não-romântica e sexualizada: ou seja, quando há a negação total do romance entre os parceiros.

Nesse sentido, a broderagem revela um problema mais sério e que precisa ser discutido: a desorientação sexual e como a troca de afeto entre dois sujeitos masculinos ainda é vista como um grande tabu

Mas, então, isso quer dizer que a broderagem nesse contexto é sinônimo de homossexualidade não-aceita? A resposta é: sim. A homossexualidade pode ser entendida como a o desejo e a atração – com ou sem sentimento – por indivíduos do mesmo sexo. Se a atração é tanto por homens quanto mulheres, daí estamos falando em bissexualidade.

A negação da homoafetividade parte do conceito equivocado de que, afastando-se dos sentimentos afetuosos e mantendo-os somente no nível da atração física, o brother estaria, de alguma forma, livrando-se do estigma da homossexualidade.

E é por isso que, desse lado da interpretação, a brotheragem não é uma experiência entre amigos heterossexuais, e sim um sentimento vivenciado por homens gays e bissexuais que estejam confusos ou negam-se à própria sexualidade.

Parece confuso? De fato, discussões desse tipo são bem complexas e envolvem diversos fatores, mas, em resumo: quando a broderagem vira algo a mais, seja o sentimento unilateral ou recíproco, isso significa que é a hora de refletir sobre a própria sexualidade.

Me apaixonei pelo meu brother, e agora?

Vamos imaginar que, em algum momento, a relação entre você e seu brother se desenvolva ao ponto de que você comece a sentir-se diferente perto dele. É esse o momento em que você se dá conta de que a então amizade transformou-se em algo a mais.

Nada de pânico, okay? De início, a situação é confusa, complicada e por vezes desesperadora, mas existem algumas medidas que você pode tomar a fim de evitar prejuízos à relação de vocês. Por isso, separamos algumas dicas para você lidar com a situação:

  • Hora de pensar em si

Geralmente, a primeira atitude tomada nesses casos é afastar-se. Porém, esse não é o “x” da questão. Apaixonar-se pelo seu brother vai muito além de um sentimento passageiro, estado de carência ou algo do tipo.

Talvez seja hora de pensar em si: afastar-se do brother (especialmente quando o sentimento é unilateral ou como preferir) e aproximar-se da própria sexualidade. O que isso quer dizer? Bem, você já sabe, mas pode começar por aqui:

Orientação sexual: o que é e quais as possibilidades”, para mostrar que o assunto pode ser complexo, mas não é nenhum bicho de sete cabeças e os resultados podem te surpreender!

  • Conte a verdade

Sim, nós sabemos: nem sempre a coragem para dizer a verdade chega. Porém, é melhor do que sofrer à toa, não é mesmo? Tente ser sincero de uma forma honesta que não seja invasiva ou ofensiva – afinal, você não quer que seu brother se afaste de você.

  • Esteja preparado para rejeições

Caso você tenha resolvido compartilhar o sentimento, tenha em mente que é muito provável que a reação seja algum tipo de rejeição. Nem todo mundo recebe a notícia de forma natural e os fatos podem ser surpreendentes para algumas pessoas.

Vale mencionar que, apesar dessa possibilidade, cada indivíduo é único, e pode ser que ele apenas diga que não vai rolar, apenas amizade ou algo nesse sentido. E, ah! A rejeição do seu brother não significa que ele te rejeite enquanto pessoa, mas sim que não rola algo a mais, beleza?.

Então, tenha em mente que a dinâmica da relação de vocês pode mudar, e é muito provável que vocês se afastem por algum tempo – que pode ser o fator necessário para que você e ele processem os fatos.

De toda forma, saiba que ser sincero é a melhor atitude a ser feita, uma vez que isso representa autocuidado e preservação da saúde mental.

  • Fique bem consigo mesmo

Falando em saúde mental, nossa última dica é, de todas, a mais importante: fique bem consigo mesmo! E, se possível, nada melhor do que poder desabafar com alguém que esteja preparado para te ajudar de forma ética e segura, concorda?

Então, o combinado é o seguinte: está se sentindo inseguro?, Considere a ajuda de um profissional capacitado – ele serve não somente para as situações do coração, mas também da mente e auto imagem, e pode ser uma boa forma de entender sobre a sua sexualidade – e quaisquer outras situações da vida.

Papo de homem: naturalizemos o afeto!

Deu para perceber que não tocamos nem no comecinho da discussão, não é mesmo? Agora que você já sabe sobre a broderagem e como ela pode ser entendida, o blog da Dona Coelha ressalta:

A relação de amizade e companheirismo entre dois homens, gays ou héteros, solteiros ou comprometidos – não deve jamais ser recriminada ou vista como algo errado, sobretudo porque isso faz parte da nossa construção enquanto seres humanos, concorda?

E, além disso, a troca de afeto entre sujeitos masculinos já é vista como um grande tabu pela sociedade – algo que é completamente absurdo, sobretudo quando paramos para pensar que todos somos merecedores de amor, especialmente as pessoas que nos acompanham pela nossa jornada de vida, seja o brother amigo ou o brother amante.

E aí, curtiu o nosso conteúdo dessa semana? Fique por dentro de todas as atualizações aqui do blog da Dona Coelha – toda semana tem conteúdo novo! E não se esqueça de acompanhar a Dona Coelha nas redes sociais para mais dicas, explicações e conteúdos sobre o universo do sexo e dos relacionamentos.

Até mais!

11 comentários sobre “O que é broderagem? Amizade, parceiria ou romance? Descubra!

  1. Rodrigo disse:

    Eu humildemente acho esse artigo, embora real, incompleto. O assunto, de fato, abrange muitas situações e infelizmente é muito taxado como algo ruim devido a exemplos como os que foram dados no próprio texto. No entanto, o que se dizer de uma pessoa bissexual assumida que tem desejos de brotheragem com um amigo mesmo em uma relação estável? Como no meu exemplo, tenho uma esposa, sou feliz com ela e ela é a pessoa que me satisfaz em tudo o que uma mulher pode me proporcionar. Ao mesmo tempo tenho um amigo, onde eventualmente temos relações mais intimas, mas apenas pelo puro prazer sexual e carinho entre amigos. De acordo com o texto, necessariamente eu teria que ser uma pessoa confusa e sexualmente desorientada, e não é o caso. Também, não cairia no caso de um poliamor romãntico, em vista de que são 2 relacionamentos totalmente distintos. Uma focada em romance e amor (e prazer tb), outra focada em amizade e prazer sendo o sexo apenas algo natural e íntimo. Acho que há muito ainda a se descobrir sobre o assunto.

    • Dona Coelha disse:

      Obrigado pelo posicionamento Rodrigo, é muito importante receber depoimentos para ampliarmos nossas perspectivas sobre o assunto!

  2. Emerson camargo disse:

    Será q existe algum local aqui no estado de São Paulo aonde posso fazer amizades com homens q gostam de brotheragem? Eu sou de Rio claro/só. Algum lugar próximo da minha cidade para esses encontros?

    • Dona Coelha disse:

      Oi Emerson, a melhor forma de encontrar pode ser acessando grupos de facebook com este foco, ou mesmo aplicativos para encontros.
      Outra sugestão é buscar por saunas próximas a sua cidade.

  3. Fábio disse:

    Olá, Renan. Muito bacana o seu artigo, embora, é claro, em determinados pontos algumas pessoas vão concordar e outras discordar (mas isso é natural e esperado quando a gente publica algo para outras pessoas lerem). Dito isso, entre alguns pontos que eu poderia discordar, eu gostaria de salientar apenas esse, sobre a broderagem envolvendo sexo: “uma modalidade de relacionamento não-afetiva e sexualizada”. Ao meu ver, se é broderagem então é um relacionamento afetivo por definição (é uma relação entre ‘broders’/’brothers’, amigos-irmãos, ou simplesmente amigos), independente se rola sexo ou não nesse relacionamento. Portanto, sexo sem compromisso entre estranhos, sem alguma intimidade pré-estabelecida, não pode ser chamado de broderagem. O que não existe na broderagem, ao menos a princípio, é romance, pois, quando e se este ocorre, a broderagem alcança outro nível/status, já não sendo mais chamado como tal. E ter ou não ter sexo, virar ou não virar romance, nada disso determina se você é “hétero”, “homo” ou “bi” (essas restrições só são determinadas pela nossa própria cabeça).

    Mas quaisquer que sejam as discussões sobre este ponto, eu firmemente acredito que o melhor seria jogarmos fora esses rótulos de “orientação sexual” inventados no Ocidente euro-americano a partir da segunda metade do século 19 (“heterossexual”, “homossexual, “bissexual”, “gay”, “straight”, etc.) e simplesmente vivermos nossas afetividades e sexualidades com mais naturalidade, respeitando nossos próprios limites e os limites dos outros com os quais nos envolvemos. Vamos valorizar tanto a broderagem sem sexo como a broderagem com sexo (como você bem escreveu no final), pois em ambos os casos ela só diz respeito aos bros envolvidos e ambas são igualmente válidas.

    No mais, apenas uma curiosidade: no português antigo (como podemos ver nas “Canções de Amigo” da poesia portuguesa medieval), a palavra “amigo” era sinônimo de “namorado”, e tanto “amigo” como “amante” têm a mesma origem na palavra “amor”.

    • Lara da Dona Coelha disse:

      Oi, Fábio, obrigada pela consideração! A diferença entre uma relação não-afetiva e não-romântica, como você apontou, faz sentido, por isso, fizemos esse ajuste no conteúdo. Obrigada por compartilhar esse ponto de vista com a gente!

  4. Geraldo disse:

    Indo no “âmago” da questão, os Cis gêneros, sempre tiveram tabu em receber penetracao anal, mesmo que de um amigo, daqueles bem próximos! Sempre falei abertamente a amigos que me despertavam atração e sempre deixei eles externarem a atração que por ventura, sentissem por mim! Numa ocasião quando eu estava sendo penetrado, o cara riu e disse que pensou que iria apanhar, eu disse a ele confia mais na tua libido e no prazer que podemos nos proporcionar! Já teve aquele que foi meu namorado. Depois do namoro ou encontro amoroso, nenhum saiu com machismo de ter sido o ativo comigo: a amizade continua! Da mesma forma teve quem me fez sexo oral, com gostosa gula, nem por isso iria me definir ativo, também! Vale sempre termos Inesquecíveis momentos, com homens, também!

  5. Giovanni disse:

    Acho um pouco simplificado. A ideia de que homens heterossexuais não podem nunca ter alguma experiência homoerótica/homoafetiva sem torná-lo gay/bi imediatamente é uma construção da sociedade sobre a norma da heterossexualidade e a falsa ideia que as orientações sexuais são rígidas. Por fim, eu acho que orientação é questão de identificação e não devíamos impor uma identificação a alguém.

    • Geraldo disse:

      Nunca entendi a expressão “orientação” para o sentir “atração”! A Sociedade, pelo menos, na minha época, apregoava – orientava – a casar, ter filhos: heteronormatividade! Já tive “encontro amoroso” que pela amizade, ele disse que pensou em consultar médico porque fazia tempo que não sentia uma ereção como a que teve comigo. Disse a ele, muita disfunção erétil ou ejaculação precoce é ausência de sintonia: mente e pênis!

  6. Mamada amiga disse:

    Broderagem nada mais é, que você dar uma aliviada pro seu broder, sem romance e sem viadagem … Homens são simplesmente diferentes de mulheres … Qualquer alisada e o bicho tá duro … A broderagem nada mais é, que um brother gay ou não, que te dá uma mamada sem sentimento, ou toca uma bronha pra aliviar o amigo na amizade. Eu tenho um brother que tinha terminado com a namorada fazia 5 meses, e ele tava me contando como era ruim ficar sem relação sexual, como ele já tinha me aliviado antes, me prontifiquei em dar uma mamada. Ele disse que ficou se sentindo muito melhor depois da leitada … Broderagem é isso, aliviar o bro, sem romance, beijinho e viadagem. Pra nois que é hetero, é uma bosta quando o bro se empolga e começa a empurrar a caceta grossa goela abaixo, mas esses são sacrifícios que a gente faz em nome da amizade

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