Exames ginecológicos: conheça os principais tipos!

Médica ginecologista sorrindo

Por aqui, sempre falo muito sobre prazer e autocuidado, por isso, acho essencial falar sobre os exames ginecológicos também. Afinal, sexualidade também é questão de saúde e bem-estar e os exames de rotina são ferramentas essenciais pra cuidar do nosso corpo. Ter o olhar de um especialista cuidando da nossa vulva e todo o sistema reprodutor é essencial pra prevenir, identificar e tratar qualquer problema.

Por exemplo, por meio de exames ginecológicos, é possível identificar câncer de mama, de ovário, de útero, endometriose, infecções, causas de corrimentos e muitas outras anormalidades de forma precoce.

Porém, muitas pessoas ainda não sabem quais são os principais exames ginecológicos que podem ser solicitados, pra que serve cada um, quando devem ser feitos e assim por diante. Como sexóloga e mulher cis, eu vou te apresentar os principais pra que você cuide da sua saúde do lado daí. Vamos lá?!

Quais são os principais exames ginecológicos?

Você pode estar pensando que nunca chegou a fazer vários exames diferentes quando o assunto é a sua saúde íntima, né? Isso é normal, pois há exames que são pedidos em casos específicos, a partir de uma certa idade e assim por diante. Ainda assim, são considerados de rotina uma vez que você precisa fazê-los com periodicidade, uma vez no ano, a cada três meses e assim por diante. Entenda quais são os principais exames que todas as pessoas com vulva precisam fazer em algum momento da vida:

1. Exame ginecológico físico

Quando você chega ao consultório da ginecologista, a consulta se inicia como todas as outras, você vai explicar por que está ali, se está com algum incômodo, quais são os sintomas e tudo o mais – isso é o que chamam de anamnese. Em seguida, é comum acontecer o exame físico, em que a especialista avalia todo o corpo da paciente por meio de toques.

São examinados:

  • axilas;
  • mamas;
  • abdômen;
  • vulva e vagina;
  • ânus;
  • abdômen.

Nessa primeira consulta, também, a especialista pode aproveitar para colher o Papanicolau, exame que vou explicar logo em seguida, durante a avaliação do colo do útero – geralmente, essa parte de inspeção vaginal é feita só após a primeira penetração vaginal, tá bom?

2. Papanicolau

O Papanicolau, como explica o Ministério da Saúde, é um exame feito pra identificar se há alguma alteração no colo do útero. Outros nomes pra ele são Preventivo, Esfregaço cervicovaginal ou Colpocitologia oncócita cervical – Papanicolau é o mais conhecido e homenageia o patologista que criou o exame.

Como é um exame de rotina, está disponível em Unidades Básicas de Saúde e Postos de Saúde Pública, ou seja, é um serviço do SUS (Sistema Único de Saúde). Ele deve ser feito periodicamente conforme a necessidade de cada paciente como forma de prevenção a doenças como o câncer de colo de útero.

Segundo a rotina do Ministério da Saúde, ele deve ser realizado em pessoas com útero com vida sexual ativa, entre 25 e 59 anos. Depois de dois exames anuais consecutivos com resultados normais, passa a ser feito no intervalo de 3 anos, porém esse protocolo diverge nos serviços particulares ou em pacientes com algumas comorbidades associadas.

Pra coletar o material do exame, o profissional insere um espéculo na vagina pra conseguir observar o colo do útero. Em seguida, acontece a raspagem das células que ficam no colo uterino e no canal vaginal, com uma espátula e uma escovinha. No geral, o exame não deve machucar, mas pode causar um incômodo especialmente se você ficar nervosa, porque vai contrair os músculos vaginais. Tenha em mente que o material usado respeita a anatomia da sua vagina e tente pensar em coisas que te ajudem a relaxar.

3. Ultrassonografia transvaginal

O ultrassom transvaginal é um exame feito pra identificar problemas nos órgãos sexuais internos e pra avaliar o feto no início da gestação. Ele permite ter imagens da vagina, do colo uterino e do útero, das trompas e dos ovários – todo o sistema reprodutor. Com as imagens, dá pra identificar se está tudo normal ou se existem anomalias como cistos, algumas infecções, malformações, endometriose e outras.

Quando a pessoa está grávida, esse exame se mostra ainda mais importante, pois ajuda a avaliar se a gestação está dentro do útero e não nas trompas, datar a gestação, identificar o número de embriões etc. Ainda, ele permite monitorar sinais de aborto, os batimentos cardíacos do feto, a placenta e outros aspectos. Pra isso, é inseria uma sonda de ultrassom no canal vaginal, com uso de preservativo e lubrificante pra minimizar qualquer desconforto e prevenir infecções.

4. Ultrassonografia pélvica via abdominal

Esse exame de ultrassom é mais realizado em pessoas que não passaram pela primeira penetração vaginal, pois é feito de forma externa. A captação das imagens é feita sobre a barriga, ou abdômen, ao invés do canal vaginal.

Por outro lado, ele pode não apresentar todos os detalhes visuais que o transvaginal mostra, ainda assim, é um exame válido e muito importante. Um ponto que vale ressaltar é que, para realizá-lo, você precisa estar com a bexiga cheia, isso facilita a visualização dos ovários e do útero internamente.

Tanto o ultrassom transvaginal quanto o por via abdominal são exames comuns na ginecologia, mas não precisam ser realizados como forma de check-up e, sim, conforme sinais e sintomas que o paciente apresente.

5. Mamografia

A mamografia, apesar de ser um exame realizado a partir dos 40 anos (SBM – Sociedade Brasileira de Mastologia), entra na lista de exames de rotina porque não pode ser ignorado por quem precisa fazê-lo todos os anos. Já o Ministério da Saúde orienta fazer entre 50 e 69 anos como forma de rastreamento.

Ele é realizado para identificar o câncer de mama precocemente. De acordo com a SBM, esse é o tipo de câncer ginecológico que mais mata mulheres no Brasil e no mundo e, todos os anos, aumenta 23% o número de casos de câncer na mama e o diagnóstico precoce é uma das melhores saídas pra essa doença.Exames ginecologicos de rotina1 exames ginecológicos: conheça os principais tipos!

De forma geral, caso haja algum caso na família, o indicado é que o exame seja feito a partir dos 35 anos. Mas, dependendo do tipo de tumor já identificado, esse início pode ser ainda antes, por isso, é muito importante conhecer seu histórico familiar e conversar com seu médico sobre isso, assim, o especialista poderá dizer quando você deve fazer a primeira mamografia.

O exame é rápido e bem simples: com o uso do mamógrafo, são capturadas imagens (RX) dos dois seios na horizontal e na vertical. Há pessoas que relatam um pequeno incômodo durante o processo visto que o aparelho “achata” a mama, mas é algo muito rápido, sutil e extremamente importante, então, vale a pena fazer!

6. Exames de sangue

É muito comum solicitar os exames de sangue a um clínico geral, mas você pode aproveitar a ida ao ginecologista pra realizá-los. Com eles, o especialista poderá identificar mudanças hormonais, diabetes, aumento de colesterol ou outras alterações que indiquem infecções.

Aliás, entre os exames de sangue que o ginecologista deve solicitar está o rastreamento infeccioso que identifica IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis), como HIV, sífilis e hepatites. Você sabia que exames de HIV, hepatite B e C e sífilis podem ser feitos nas UBS também? Tudo de forma gratuita e com resultados em 15 minutos.

O profissional também pode pedir exame de urina (painel IST ampliado) e de fezes se julgar necessário.

7. Colonoscopia

Este exame deve ser realizado como forma de rastreamento, juntamente com sangue oculto nas fezes anual, a cada 10 anos a partir dos 50 anos ou antes, se houver histórico familiar, a fim de se descobrir precocemente o Câncer de intestino. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), esse tumor é o terceiro tipo de tumor maligno que mais acomete mulheres.

6 exames ginecológicos que podem ser necessários

Muitas vezes, além dos exames anteriores, pode ser necessário aprofundar a investigação ou, conforme seu caso, outros exames podem ser solicitados. Veja quais são:

1. Ultrassonografia de mamas

Esse é um exame complementar à mamografia, isto é, também possibilita a identificação e visualização de alterações na mama, mas não substitui a mamografia. Ele fornece imagens mais nítidas de nódulos, cistos e até lesões, especialmente em mamas que são mais densas. Porém, esse exame não consegue avaliar microcalcificações iniciais, que são visíveis na mamografia, por exemplo, por isso são complementares.

Um ponto de destaque é que esse exame não dói nadinha, nem causa desconforto. Sabe aqueles exames de ultrassom na barriga de gestantes? Então, é bem parecido, mas nas mamas e, por vezes, nas axilas.  A única coisa que dá um “susto” é o gel usado que tende a ser mais geladinho, mas nada realmente incômodo.

2. Vulvoscopia e Colposcopia

Esses exames são biópsias feitas a partir de alterações no Papanicolau. A primeira trata-se de uma análise da vulva, que permite identificar lesões causadas por HPV, verrugas vaginais, manchas que não melhoram associadas a coceira, etc.

Já a colposcopia é a biópsia de lesões encontradas no colo uterino. A sua realização se dá por visualização direta e com a aplicação de um líquido na região, que muda de cor quando há uma lesão. Isso facilita a identificação exata da área afetada e a coleta do material para análise detalhada do especialista.

3. Laparoscopia diagnóstica ou videolaparoscopia

Esse nome difícil é outro exame específico e solicitado apenas em casos especiais, em que são identificadas alterações nos exames de rotina.

A videolaparoscopia permite identificar e atuar sobre uma lesão ou um tumor identificado internamente. Isso acontece por meio de uma cirurgia com invasão mínima no abdômen.

O especialista insere pinças fininhas que contam com uma câmera na ponta pra capturar as imagens e analisar a anomalia que já foi pré-identificada. A paciente precisa ser internada e passar por anestesia para sua realização.

Além disso, o procedimento permite a remoção de miomas, cistos do ovário, tratamentos de endometriose e muito mais. Ou seja, vai além de um exame, mas faz parte de tratamentos também. Interessante, né?

4. Histerossalpingografia ou HSG

É possível que você já tenha ouvido falar no exame HSG, ele é uma avaliação de imagem (raio-x com contraste) que ajuda a identificar possíveis causadores de infertilidade, pois permite colher imagens do útero e das trompas. Ou seja, é um exame indicado quando se está tentando engravidar, principalmente se há alguma dificuldade (e se suspeita de obstrução das trompas).

Diferente de outros, esse processo pode gerar desconfortos parecidos com os das cólicas que vêm com a menstruação, mas essa dor muda de pessoa pra pessoa.

5. Histeroscopia

É um exame no qual uma pequena câmera é introduzida no útero, via vaginal, em que a pessoa está sedada (pra não sentir dor). Nele, se avalia a cavidade uterina quando se suspeita de alguma alteração ou doenças, como miomas, pólipos, câncer de endométrio, septos. Além da visualização, é possível realizar procedimentos de biópsia, raspagem, coleta de material etc.

6. Ressonância magnética

A ressonância magnética pode ser pedida por um especialista da ginecologia quando há sinais de endometriose ou suspeita de tumores. Essa doença ficou mais conhecida com o caso da cantora Anitta, que descobriu e falou sobre o seu processo de tratamento.

De uma forma bem resumida, acontece uma inflamação da pelve a partir das células do endométrio, as que revestem a cavidade uterina e deveriam ser expelidas na menstruação pela vagina, mas podem refluir pelas trompas e se fixar na pelve.

Com a doença, elas acabam indo pra outros órgãos, como ovários e cavidades do abdômen, gerando dores bem desconfortáveis.

A ressonância permite a visualização dessas lesões e, ainda, facilita a diferenciação dos tipos de cistos existentes.

Quando ir ao ginecologista pela primeira vez?

Não há uma idade certa pra ir ao ginecologista a primeira vez, mas o mais indicado pelos especialistas é que as consultas ginecológicas iniciem um pouco antes da primeira menstruação devido às mudanças que o processo causa no corpo.

Quando as pessoas com útero começam a apresentar pelos pubianos e mamas, já é importante ir ao médico pra avaliar se a puberdade está acontecendo conforme o esperado.

Em casos em que a menarca não aconteceu até os 16 anos, essa é a idade limite pra essa primeira visita. Nesse processo, a pessoa irá passar por exames de rotina comuns que, no geral, não compreendem nenhuma inserção na vagina, além de ter a oportunidade de tirar dúvidas sobre a sua sexualidade e seu corpo com alguém que entende do assunto.Exames ginecologicos de rotina2 exames ginecológicos: conheça os principais tipos!

O especialista também pode dar uma ajuda caso os pais tenham alguma dúvida sobre o processo de mudança corporal, orientações de higiene e reforçar a educação sexual, especialmente antes da primeira vez.

Depois disso, o indicado é visitar o/a especialista que te acompanha pelo menos uma vez ao ano – se precisar retornar em um período menor, é o profissional que vai indicar.

Fazer as consultas e exames ginecológicos de rotina é o primeiro passo pra prevenir e identificar possíveis problemas de saúde de forma precoce, por isso, não deixe que o medo ou a vergonha te afastem do consultório, viu?

Sexualidade tem tudo a ver com prazer, mas também anda de mãos dadas com a saúde e o autoconhecimento! Gostou dessas dicas? Aqui no blog, gostamos de falar sobre tudo que envolve esse universo. Outro conteúdo que você pode gostar é este aqui: Fases do ciclo menstrual: entenda tudo sobre o assunto!

REFERÊNCIAS:

COUTO, H. L. Dia Nacional da Mamografia: SBM esclarece dúvidas sobre o exame. Sociedade Brasileira de Mastologia, on-line, 15 mar. 2021. Disponível em: <https://sbmastologia.com.br/dia-nacional-da-mamografia-sbm-esclarece-duvidas-sobre-o-exame/>. Acesso em 20 set. 2022.

BIBLIOTECA VIRTUAL DE SAÚDE – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Papanicolau (exame preventivo de colo de útero). On-line, 2011.

Publicação revisada por:
Ginecologista tetzi de oliveira brandão

Dra. Tetzi Oliveira Brandão - CRMMG 47157
Ginecologista e Obstetra c/ espec. em Medicina Fetal e Ultrassonografia

Sou médica e ativista pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, por isso me especializei em Ginecologia e Obstetrícia (RQE 15419), Medicina Fetal (RQE 16793) e Ultrassonografia (RQE 20164). Falar de sexualidade, saúde sexual, intimidade, prazer e do corpo feminino sem tabus é minha paixão e meta pessoal.

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