Educação sexual: mitos, verdades e tudo que você precisa saber!

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A educação sexual é o assunto da vez e, como toda temática atual, gera muitas dúvidas e opiniões diferentes: de um lado, há profissionais e estudiosos que salientam a importância da temática pra formação das crianças e, do outro, quem acredite que o assunto não tem nada a ver com a escola e deve ser restrito ao ambiente familiar.

Como já sabemos, falar de sexualidade, afetividade e desconstruções é entrar em terreno complexo, mas eu fui atrás das fontes e preparei um aulão sobre esse tema. Afinal, a educação sexual é ou não importante para formação de meninos e meninas?

Já te adianto que a resposta é com certeza. E o porquê de o assunto ser tão importante você descobre acompanhando a leitura deste conteúdo, além dos mitos e verdades que envolvem o ensino e aprendizado da sexualidade.

Preparados? Então vamos lá:

O que é, afinal, educação sexual?

Entre conceitos e definições, ainda hoje se debate sobre os aspectos relacionados ao educar sexualmente. A definição mais aceita é a de que se trata de promover conhecimento esclarecedor e discussões sobre temas relacionados à sexualidade, orientação sexual e afetividade.

Basicamente, o objetivo desse processo é fazer com que crianças e adolescentes possam ter um espaço de reflexão e pra tirar dúvidas inevitáveis – que eu, você e todo mundo já tivemos ou teremos.

O que, como, por que, se e mais uma série de perguntas sobre sexualidade que envolvem pensar em si mesmo, no próprio corpo, nas relações com outros meninos e meninas, o que pode, o que não pode… Todas as dúvidas essenciais cujas respostas podem ser complexas e necessitarem de auxílio pra serem resolvidas.

E se ajudar é a questão, que lugar é tão adequado pra isso quanto a escola? Tão importante quanto aprender Matemática, História e Física é se descobrir, se entender e se amar, não é mesmo?

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Como a educação sexual pode ser ensinada?

Antes de mais nada, vale lembrar que o ensino de questões ligadas à sexualidade é entendida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma forma de promoção dos direitos humanos, os quais toda criança, jovem e adulto possuem!

Dito isso, a proposta é a de que o ensino siga algumas etapas fundamentais:

  • A criação do currículo que envolva questões sobre sexualidade deve contar com a participação de especialistas da área de saúde, afinal, trata-se de um assunto que envolve questões biológicas e de saúde pública;
  • Para além da sexualidade, devem ser considerados aspectos essenciais como diversidade, gênero, orientação sexual e temas relacionados às vivências sexuais para promover respeito na sociedade;
  • O público-alvo, isso é, crianças e adolescentes, deve participar da elaboração das diretrizes, afinal, elas são feitas pra eles! Ah, os pais também podem participar;
  • É necessário que os temas abordem questões como consentimento, prevenção, gravidez na adolescência, infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) e afins;
  • O ensino/aprendizagem deve ocorrer em uma sequência lógica, adequada à faixa etária do aluno. Da mesma forma, os conteúdos podem ser ministrados em uma matéria específica ou diluídos de forma transversal em outras preexistentes.

Como deu para perceber, as orientações sobre sexualidade não são bagunça e muito menos aulas de sexo para crianças. É um projeto sério, coerente e pautado em documentos legais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a própria ONU.

Além disso, é mais que importante ressaltar que a escola não tem pretensão alguma de substituir o aparato familiar nesse processo – o valor da educação e do apoio familiar são insubstituíveis, mas devem ser complementados por meio da educação formal, pautada na ciência e no que é melhor pros nossos jovens.

Mitos que nos contaram sobre ensino e sexualidade

Como todo assunto polêmico, existem muitos mitos e verdades que circulam a educação sexual nas escolas do país. Por esse motivo, separei os principais mitos sobre o assunto pra que você possa desmistificá-los, olha só:

  • Educar sobre sexualidade é coisa da família

Sim. E não. Na verdade, educar sexualmente também é coisa da família. Aliás, é no seio familiar que todos nós esclarecemos nossas primeiras dúvidas em relação à sexualidade.

No entanto, é na escola onde esses conhecimentos são sistematizados, organizados e interpretados de forma coerente, por meio de profissionais treinados e capacitados pra lidar com o assunto.

A escola, nesse sentido, pode funcionar de duas maneiras: 1) como reforçador dos ensinamentos tidos em família – como os limites do consentimento, o que pode e o que não pode e como lidar com situações-problema; 2) como a principal fonte de aprendizado, esclarecimento de dúvidas e aquisição de consciência e conhecimento de mundo.

Aliás, a melhor forma de garantir uma educação consciente e plena é com o equilíbrio entre as duas, não é mesmo? E a escola pode ter papel crucial na educação sexual das crianças e jovens quando a família é ausente e omissa em questões como essa. Afinal, sabemos que nem todos os ambientes familiares contam com abertura pra esse tipo de assunto.

  • A educação escolar sexual influencia a sexualidade do jovem

Antes de mais nada, sugerimos a leitura do nosso post “Orientação sexual: o que é e quais as possibilidades”, aqui mesmo no blog, pra que você entenda melhor sobre como acontece a orientação sexual.

Como ressaltamos no post, orientação sexual não é uma escolha e a bússola da sexualidade não aponta pra onde queremos, pois depende de outros fatores além da ‘escolha’.

Ficou confuso? Vou descomplicar: a escola não pretende moldar a sexualidade dos jovens – até porque isso não é possível. A intenção é fazer com que eles se sintam confortáveis com a própria sexualidade, e tá tudo bem!

  • Erotização infantil – educação sexual é “aula de sexo”

Talvez seja o mito mais comum – e o mais prejudicial – sobre educação sexual. Você já deve ter percebido, mas eu ressalto: o objetivo da educação sexual é informar, conscientizar e prevenir.

Os pequenos são indivíduos frágeis e as estatísticas são cruéis: só na região do ABC paulista, os casos de estupro de vulnerável cresceram 73,9%, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

É esse tipo de situação que a orientação sobre sexualidade e limites tem a missão de impedir! Portanto, nada de sair por aí reproduzindo mitos sobre o assunto, okay? Educar sexualmente não é ensinar a fazer sexo na primeira idade.

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Por que educar sexualmente crianças e adolescentes é tão importante?

Incontáveis fatores fazem com que a discussão sobre sexualidade nas escolas seja extremamente importante. Ela promove saúde, debates fundamentais e instrui jovens a uma futura vida sexual saudável e sem culpas.

Também podemos citar como benefícios da educação sexual:

  • O desenvolvimento de hábitos saudáveis

É impossível virarmos as costas pra questão da gravidez na adolescência. Com os jovens iniciando suas vidas sexuais antes da maioridade, a discussão torna-se urgente ao passo em que é necessário discutir sobre prevenção de risco e saúde reprodutiva.

No espaço escolar, a discussão é progressiva e parte desde as reflexões que levam os jovens a esperarem mais antes de iniciarem suas atividades sexuais até como se prevenir durante o ato consentido.

Gravidez, aborto, IST’s, violência doméstica, sexual, relacionamentos abusivos… São coisas que podem ser evitadas por meio de uma orientação plena entre família e escola.

  • O ambiente familiar nem sempre oferece o suporte adequado

Falar sobre sexualidade e afetividade ainda é um grande tabu em algumas famílias brasileiras, o que significa que muitas crianças crescem sem as devidas orientações sobre temas que são de extrema importância – especialmente os que envolvem limites, consentimento e prevenção.

Por esse motivo, a escola deve assumir o papel de formadora desses indivíduos, fornecendo os meios necessários pra que os jovens possam crescer conscientes de como devem agir em situações de risco.

Sem falar que, por meio do diálogo, um número muito grande de situações que hoje são vistas como questões sérias – doenças, abusos, gravidez em idade precoce – poderiam ser minimizadas, graças à educação.

Por fim, precisamos lembrar que a sexualidade é uma de nossas partes fundamentais – e disso eu entendo bem. A defasagem nos entendimentos sobre esse assunto atrasa o desenvolvimento e a saúde física e mental de crianças e adolescentes. Pra se entender inteiramente, precisamos, antes de mais nada, nos educar sexualmente!

E então, gostou deste conteúdo? Pra mais desconstruções como essa, acompanhe nossas atualizações – por aqui tem coisa nova todo dia. Que tal, agora, desbravar o universo da masculinidade tóxica e saber como os meninos estão inseridos nesse contexto? Até a próxima!

Publicação revisada por:
Foto psicóloga marcela estrela

Marcela R. Estrela - CRP 08/30309
Psicóloga especialista em relacionamentos e TCC

Através da Psicoterapia Cognitiva Comportamental, auxilio mulheres na construção de vínculos seguros, estáveis e libertadores. Acredito no poder das relações baseadas em valores e autoamor.

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