Sexualidade feminina: tabu é questão de saúde!

Mulher se abraçando

A sexualidade feminina vem sendo cada vez mais discutida de forma geral. Porém, para entender a raiz de sua associação como um assunto tabu, é preciso olhar para trás e recordar as bases criadas na “origem” da humanidade como a conhecemos.

A Bíblia e a mitologia apontam, respectivamente, o surgimento da mulher como uma consequência da existência masculina. A primeira filosofia aponta que Eva foi criada a partir da costela de um homem, já a segunda estabelece seu surgimento mediante ao pênis castrado de um deus.

Por meio dessas duas vertentes originárias é possível compreender melhor como chegamos a esse ponto onde é tão difícil dissolver o preceito que o corpo e a sexualidade feminina são uma mera extensão do masculino – problema esse que se repete com frequência no âmbito médico, especulativo e até mesmo no lado da educação sexual da conversa.

No conteúdo de hoje, pretendemos discutir um pouco sobre o tabu que permeia a sexualidade feminina e como ele interfere na saúde das mulheres, além de apresentar alguns mitos e verdades sobre o tema. Vamos lá?!

Mas afinal, porque a sexualidade feminina ainda é um tabu?

Ter a sexualidade e o corpo feminino atrelado a tantos mitos e inverdades fez com que todas nós paguemos um preço alto que está ligado, principalmente, a um aspectos chave: o controle social.

Painel com foto da nat e explicação sobre excitação feminina

Essa força do patriarcado sobre o corpo das mulheres fez com que a ginecologia, como uma especialidade médica, surgisse de forma muito tardia. E, mesmo quando ela se estabeleceu, ainda era explorada como uma vertente que se resumia a estudar o corpo feminino como um meio exclusivamente reprodutor.

Mesmo com a mudança de cenário no início do século XXI, a áurea que permeia a sexualidade e o prazer sexual feminino ainda está muito incrustada em tabus e regras normativas. Infelizmente, as diferentes formas de sentir prazer no corpo feminino – em relação ao masculino – é vista como desordem, que por sua vez é traduzida por complexidades ligadas à saúde, e que, por consequência, precisam ser “domesticadas” e medicadas.

Um sistema sexual tão complexo como o feminino pode sim estar propício ao desenvolvimento de doenças e infecções íntimas, inclusive já falamos sobre esse tópico aqui no blog, mas relacionar essa multiplicidade a problemas que surgem a partir da comparação com a sexualidade masculina, é o que fomenta a manutenção do tabu ao redor desse assunto.

Já que estamos falando sobre mitos e tabus, que tal saber, de uma vez por todas, se você pode ou não transar menstruada?

Qual a importância da sexualidade para o corpo e a saúde da mulher?

Uma vida sexual ativa está completamente ligada à saúde do corpo feminino, pois o bom funcionamento do organismo e das questões de saúde mental também se atrelam à capacidade de garantir máxima satisfação sexual.

Especialistas da área que discutem uma ginecologia feminista apontam a importância de não deixar que a consulta ginecológica se torne apenas sobre hormônios. Elas defendem que o espaço deve estar aberto para abordar todos os campos da sexualidade.

Te convido, então, para um exercício na sua próxima consulta ao ginecologista: demonstre ao profissional que está te atendendo que você gostaria de falar abertamente sobre dois aspectos da vida sexual. Primeiro, os cuidados preventivos e, segundo, a sexualidade na prática.

Além dos tradicionais exames, checagem dos homônimos e a prevenção de ISTs, tire dúvidas sobre todo o universo de exploração do corpo e da sua sexualidade – esse profissional também está ali para isso!

Essa ligação entre a sexualidade e à saúde da mulher oferece inúmeras vantagens para o funcionamento do organismo, o bem-estar e até mesmo a demanda mental exigida pelas práticas de rotina. Alguns desses benefícios são:

  • Estímulo da concentração e da criatividade;
  • Melhora na circulação sanguínea;
  • Aumento da imunidade;
  • Redução de dores corporais e musculares;
  • Melhora na qualidade do sono;
  • Fortalecimento da autoestima e do autoconhecimento.

Depois de conhecer todos esses benefícios, fica fácil entender porque a relação da saúde com a sexualidade deve ser levada a sério por nós mulheres e pela medicina ginecológica, não é mesmo? Essa intersecção, inclusive, é o melhor caminho para afastar esse tópico das inverdades que alimentam o teor de tabu do assunto!

Não deixe de conferir: Não consigo gozar: confira 6 causas e soluções!

4 mitos e verdades sobre a sexualidade feminina

Para mudar um problema, é importante conhecê-lo de forma completa, certo? Então, para estimular uma reflexão sobre os principais tópicos da sexualidade feminina, precisamos aprender sobre os mitos e verdades mais comuns que perpassam por essa discussão.

Foi pensando nisso que separamos 4 afirmações que podem gerar esses questionamentos. Vamos conhecê-las:

1. A masturbação atrapalha o prazer sexual com outras pessoas

Mito! Na realidade, a masturbação feminina funciona de forma totalmente oposta a essa afirmação. Além de estimular o autoconhecimento, a confiança e o prazer feminino, a masturbação ainda serve como um guia para ajudar parceires a encontrar os pontos que mais oferecem prazer. Praticá-la de forma contínua é um hábito que deve ser encorajado!

2. O orgasmo feminino é mais difícil de alcançar que o masculino

Mito total! Apesar desse preceito ser comumente disseminado, principalmente por quem pensa de forma totalmente heteronormativa, o prazer feminino não é mais difícil de ser alcançado, ele apenas funciona de forma diferente.

Infográfico com a diferença entre excitação masculina e feminina

O autoconhecimento sobre sua sexualidade é de grande importância aqui, mas ao explorar as alternativas de prazer “disponíveis” no corpo da mulher, fica fácil entender que elas. Inclusive, costuma ter mais possibilidades de alcançar esse ápice.

3. A ejaculação feminina não funciona como a masculina

Verdade! Essa é uma afirmação que pode ser considerada, não apenas nessa diferença binária de homem e mulher, mas também para cada corpo, mente e desejo individual. Corpos diferentes recebem os mesmos estímulos de forma diferente, por isso essa comparação em si precisa ser deixada de lado nas discussões!

4. É comum não chegar ao orgasmo com penetração

Essa é uma grande verdade! A maioria das pessoas com vulva não chegam ao orgasmo somente com penetração, é necessário estímulos em locais estratégicos. Que tal experimentar o clitóris? É uma área que tem mais de 8 mil terminações nervosas. O toque também é uma boa pedida, uma vez que nos deixar – literalmente – sem fôlego.

Discutir a sexualidade feminina é refletir sobre prazer, liberdade, empoderamento e saúde. Por isso esse assunto é tão importante aqui na Dona Coelha. Com a confiança de que estamos munidas de informação podemos argumentar e ajudar na construção de uma visão menos patriarcal e retrógrada!

Um comentário sobre “Sexualidade feminina: tabu é questão de saúde!

  1. 0119 disse:

    Adoro esse blog. Me sinto em confortável lendo a experiências de outras mulheres e compartilhando as minhas experiências.

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